Estudo sugere que chegada de Cabral ao Brasil pode ter sido no Rio Grande do Norte

Carlos Chesman/Divulgação

Vista da costa potiguar a partir do mar.

Uma pesquisa publicada no Journal of Navigation, da Universidade de Cambridge, questiona a versão de que a chegada descrita por Pero Vaz de Caminha ocorreu em Porto Seguro, na Bahia.

Segundo os físicos Carlos Chesman, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e Carlos Furtado, da Universidade Federal da Paraíba, os primeiros sinais de terra avistados pela frota de Pedro Álvares Cabral estariam alinhados com a costa potiguar.

Eles afirmam que o “grande monte, mui alto e redondo” citado na carta seria o atual monte Serra Verde, em João Câmara, e que o primeiro desembarque pode ter ocorrido na praia de Zumbi, em Rio do Fogo.

Os autores analisaram dados numéricos da carta, ventos, correntes marítimas e fizeram expedições de campo.

A rota sugerida por eles inclui uma parada no litoral entre São Miguel do Gostoso e Pedra Grande, na região onde fica a praia do Marco, local historicamente associado ao marco português de 1501.

Chesman diz que o estudo busca reabrir o debate: “Nossa intenção é que a discussão seja retomada. Fizemos uma pesquisa a partir da física e estamos apresentando ela aos historiadores”.

Especialistas ponderam que a tese ainda precisa passar por avaliações mais amplas. Pesquisas anteriores reforçam a chegada na Bahia, baseadas em cartografias e estudos náuticos.

Para historiadores, mesmo que o ponto exato de desembarque seja revisto, isso não deve alterar o ensino sobre a formação colonial, que começa décadas após o primeiro contato.

Ainda assim, eles consideram que o trabalho aproxima a história de outras áreas e incentiva abordagens interdisciplinares.